Como um jornalista de games, já passei noites em claro com títulos de horror que vão de clássicos como Silent Hill a indies como Amnesia. Quando peguei Death Relives, o game da Nyctophile Studios de Istambul, lançado em 25 de julho de 2025, esperava algo fresco com sua pegada mitológica asteca. O jogo me colocou na pele de Adrian, um jovem comum cuja mãe é sequestrada por Xipe Totec, o “Senhor Esfolado” da mitologia asteca – deus da renovação através do sacrifício. A missão? Infiltrar uma mansão assombrada, resolver enigmas e fugir desse deus implacável.
Disponível no Steam, PS4/PS5 e Xbox, por volta de US$25 (ou R$140 no Brasil), é uma aventura curta de 2-4 horas que promete terror psicológico sem combate direto. Mas, após zerar duas vezes, vi potencial em sua cultura única misturado a tropeços de um estúdio iniciante. Nesta review Death Relives, falo como jogador: os sustos que me pegaram, as frustrações que me fizeram pausar, e se vale o tempo para fãs de survival horror asteca.
A narrativa: Mitologia rica, mas entrega irregular
A história começa forte: uma viagem noturna de carro com a mãe vira pesadelo quando algo bloqueia a estrada. Ela sai para checar, e “boom”: sequestrada por uma figura grotesca. Como Adrian, sigo rastros de sangue até uma mansão que parece saída de um templo asteca moderno, repleta de altares sangrentos e segredos históricos. O foco em Xipe Totec é o destaque; aprendi sobre rituais de esfolamento e renascimento enquanto coletava notas e totens. A Nyctophile consultou especialistas mexicanos para autenticidade, e isso transparece em diálogos em náhuatl e elementos culturais que educam sem forçar.
Porém, jogando, senti a trama estagnar no meio. O laço com a mãe motiva, mas personagens secundários via app companheira (mais adiante) soam artificiais. O final tem um twist impactante, revelando conexões familiares com o deus, mas chega tarde. Comparado a Hellblade, que usa mitologia nórdica de forma imersiva, aqui o lore asteca parece colado em uma história genérica de resgate.
Gameplay: Esconde-esconde tenso, mas repetitivo e buggy
No Xbox os controles são intuitivos: primeira pessoa, com foco em stealth. Sem armas potentes, você esconde em armários, corre por corredores e resolve puzzles como alinhar símbolos astecas ou usar lâminas obsidianas para banir fantasmas. Um mecânico interessante é o “Semente de Deus”, que exige sacrificar almas para temporariamente enfraquecer Xipe Totec. Puzzles são o ponto alto; um envolvendo calendários astecas me fez pensar por minutos, sentindo a pressão do deus patrulhando.
Mas aí vem o loop: esconder, esperar, correr. Após um tempo, impossível não sentir que a mecânica deixa de ser tão desafiadora e passa a ser rotina. A IA de Xipe Totec é inconsistente – às vezes ouve de longe, outras ignora barulhos óbvios.
Gráficos e som: Atmosfera que salva o dia
Rodando no Unreal Engine 5, os visuais impressionam para um indie: mansão detalhada com murais astecas, iluminação dinâmica criando sombras aterrorizantes, e Xipe Totec com design grotesco – pele esfolada e silhueta imponente que me deu calafrios reais.
A trilha com flautas indígenas e percussões rituais constrói paranoia constante. Passos de Xipe Totec ecoam, forçando viradas de cabeça instintivas. Efeitos 3D e vibrações no DualSense simulam batidas cardíacas, me fazendo pular mais de uma vez. Comparado a Resident Evil Village, falta polimento, mas a direção artística compensa, evocando horror primordial.
Opinião pessoal: Potencial divino, execução mortal
Zerando no Xbox, Death Relives me deixou misto: amei a mitologia asteca fresca – raro em games – e momentos de tensão pura, como uma perseguição onde mal escapei. A app companheira é inovadora, transformando meu celular em ferramenta narrativa, com fotos e chats que bluram real e virtual. Mas as frustrações acumularam: loop repetitivo, bugs (como crashes no final), e duração curta sem replay value. É um sólido debut, mas precisa de patches. Como fã de horror, recomendo com desconto para quem curte cultura em jogos, tipo Devotion. Mas se busca polimento, espere updates.
Conclusão: Um deus promissor para o futuro indie
Death Relives prova que a Nyctophile tem visão para inovar com mitologia asteca no horror, criando atmosfera e puzzles memoráveis. Apesar de mecânicas clunky e bugs, é um passo ousado que aponta para jogos mais diversificados culturalmente. Com updates, pode virar cult; por ora, jogue se curte terror curto e único.
Qual sua experiência com Xipe Totec? Comente abaixo ou compartilhe – vamos discutir o futuro do horror indie!
Nota: 6
Uma cópia de Xbox foi gentilmente cedida para esta análise.