Earthion não é uma simples homenagem; é uma ressurreição. Criado pelo lendário estúdio Ancient, este jogo é um autêntico “shoot ‘em up” de 16-bits que parece ter sido arrancado diretamente de 1994 e polido para a sensibilidade atual. Com uma jogabilidade afiada, visuais nostálgicos que hipoteticamente extraem até a última gota de poder do hardware clássico e uma trilha sonora pulsante do mestre Yuzo Koshiro, Earthion prova que o bom design é atemporal e se posiciona, sem pedir licença, como um dos melhores jogos do ano.
Em um mercado inundado por tentativas de capturar a magia retrô, Earthion se destaca por sua autenticidade. O jogo foi desenvolvido nativamente para o hardware do Sega Genesis, com um cartucho físico programado para 2026, o que já diz tudo sobre a dedicação ao material de origem. No entanto, ele não se contenta em apenas se inspirar em clássicos como Gradius ou Thunder Force. Em vez disso, injeta inovações, principalmente em seu sistema de escudos e progressão, criando uma experiência que é ao mesmo tempo acessível para novatos e profundamente recompensadora para veteranos do gênero.
A blindagem do passado, a resiliência do futuro
Esqueça a morte com um único tiro, um pilar muitas vezes intimidador do gênero. Aqui, sua nave é equipada com um sistema de escudos regenerativos. Sofrer dano drena sua blindagem, mas um período sem ser atingido permite que ela se recarregue. Essa mudança é transformadora, pois ela substitui a necessidade de perfeição pela exigência de consistência. Você pode cometer erros, mas não pode ser descuidado.
Essa mecânica se entrelaça com o sistema de poder. Coletar cristais verdes, fortalece tanto sua arma primária quanto suas sub-armas. Contudo, receber dano não apenas afeta seus escudos, mas também drena o poder de seu arsenal, enfraquecendo-o em momentos críticos. Esse balanço cria uma tensão constante:
- Risco vs. recompensa: Você se arrisca para coletar mais e maximizar seu poder, sabendo que um erro pode custar caro.
- Gerenciamento de recursos: Manter os escudos e o poder no máximo antes de um chefe é uma camada estratégica que recompensa o planejamento e a habilidade de desviar.
A personalização da nave aprofunda ainda mais essa estratégia. Ao final de cada um dos estágios, encontrar um “Adaptation Pod” permite melhorias permanentes, como adicionar mais barras de escudo, abrir novos espaços para sub-armas ou ganhar vidas extras. A decisão é sua: você quer ser um tanque quase indestrutível ou uma “vidraça” com um arsenal versátil para cada situação? Essa flexibilidade para moldar a nave ao seu estilo de jogo é um toque moderno e muito bem-vindo.
“Blast Processing” no limite
Visualmente, Earthion é um feito técnico. Os sprites são enormes e detalhados, a paleta de cores é usada com maestria e os efeitos visuais, como o parallax scrolling e o scaling de sprites para criar profundidade, são de cair o queixo. Tudo isso com lentidão e “flicker” mínimos, mantendo a ação suave e legível — na maior parte do tempo. Uma crítica válida é que, em estágios mais avançados, a quantidade de efeitos pode, ocasionalmente, ofuscar projéteis inimigos ou obstáculos, levando a danos frustrantes.
E então, tem a trilha sonora. Yuzo Koshiro, entrega uma de suas melhores obras. A trilha sonora é energética, melódica e impulsiona a ação de forma nostálgica. É, sem exagero, uma das melhores trilhas sonoras para jogos de gênero.
Conclusão
Earthion é uma obra-prima que volta no tempo. Ele consegue a proeza de ser um portal perfeito para novatos no gênero de “shoot ‘em up”, graças às suas mecânicas de escudo e múltiplas dificuldades, sem sacrificar o desafio que os veteranos procuram. A campanha de oito fases é variada e cheia de chefes criativos, e os modos de desafio, embora um pouco supérfluos, adicionam algum fator de replay para caçadores de recordes.
Earthion não é apenas para os fãs de “shmups” ou para quem viveu a era de 16-bits. É para qualquer um que aprecie um design de jogo impecável, ação eletrizante e uma trilha sonora inesquecível. Um clássico instantâneo e um dos melhores jogos independentes de 2025.
Nota: 8,0
Uma cópia de PS4 foi gentilmente fornecida para a realização desta análise.