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Consoles podem desaparecer? O futuro dos videogames pode estar além do hardware

Os videogames sempre foram sinônimo de consoles. Desde os primórdios da indústria, ter um PlayStation, Xbox ou Nintendo era a regra para quem queria jogar os principais títulos do mercado. Mas essa realidade está mudando. Com a crescente digitalização dos jogos e a popularização do streaming, começamos a nos perguntar: será que a próxima geração pode ser a última em que teremos consoles físicos?

Essa transformação começou a tomar forma na sétima geração de consoles, quando o PlayStation 3, Xbox 360 e Nintendo Wii deixaram de ser apenas máquinas de jogar e passaram a atuar como centros de entretenimento. Foi nessa época que o consumo digital começou a ganhar força: serviços como Netflix foram disponibilizados nas plataformas, e os downloads de jogos passaram a ser uma alternativa real às mídias físicas. Aos poucos, a ideia de que um jogo não precisava estar em um disco ou cartucho começou a fazer sentido para os jogadores.

A oitava geração consolidou essa mudança cultural. PlayStation 4 e Xbox One transformaram a distribuição digital em um padrão, com muitos jogadores abandonando de vez as tradicionais caixas de jogos. Foi também quando a indústria começou a explorar a possibilidade dos jogos via streaming. A Microsoft deu os primeiros passos com o xCloud, enquanto a Nintendo usou a nuvem para rodar títulos mais exigentes no Switch, como a coleção Kingdom Hearts. O Google tentou acelerar essa transição com o Stadia, mas, apesar de sua proposta inovadora, a plataforma não conquistou o mercado. Ainda assim, ficou a lição: a tecnologia para um futuro sem consoles já existe.

Agora, na nona geração, vemos um movimento cada vez mais forte de descentralização do hardware. A Sony e a Microsoft estão expandindo suas franquias para além dos consoles, seja através do PC ou de serviços de assinatura que permitem jogar em diversos dispositivos. A Nintendo, de forma mais discreta, tem seguido pelo mesmo caminho, com jogos como Fire Emblem Heroes e Mario Kart Tour para smartphones. Mas é a Microsoft que está liderando essa mudança de paradigma, ao tornar o Xbox Game Pass um serviço acessível em múltiplas plataformas, reforçando a ideia de que o ecossistema pode ser mais importante do que o console em si.

Se olharmos para a evolução dos videogames desde 2005, a ideia de que a décima geração pode ser a última a contar com consoles físicos não parece tão absurda. Se considerarmos um ciclo médio de sete anos para essa geração (2027-2034), é plausível imaginar um futuro onde PlayStation, Xbox e Nintendo sejam apenas aplicativos disponíveis em Smart TVs, PCs e smartphones. Com conexões de internet cada vez mais rápidas e serviços de assinatura dominando o mercado, a necessidade de ter um hardware dedicado pode simplesmente desaparecer.

É claro que ainda existem desafios a serem superados, como a latência, a exigência de conexões estáveis e a resistência de jogadores que ainda valorizam a posse física dos games. No entanto, a história nos mostra que o mercado de games está sempre em evolução, e o desaparecimento dos consoles físicos pode não ser uma questão de “se”, mas sim de “quando”.

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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