AnálisesNintendo

Review | Donkey Kong Bananza é a obra-prima 3D que o gorilão merecia

Existe uma reverência especial em torno da franquia Donkey Kong. Desde a revolução de Donkey Kong Country no Super Nintendo até o renascimento magistral com Returns e Tropical Freeze, a série sempre foi sinônimo de excelência em design de plataforma, desafio na medida certa e uma atmosfera inigualável. Contudo, uma pergunta assombrava os fãs por mais de duas décadas: quando veríamos o gorilão da Nintendo retornar à glória de um mundo tridimensional, um feito tentado apenas no expansivo, porém controverso, Donkey Kong 64?

A espera acabou. E o resultado é ensurdecedor. Donkey Kong Bananza, desenvolvido pela Retro Studios, não é apenas um novo jogo; é uma declaração de intenções, uma aula de game design e, possivelmente, a maior e melhor aventura que a família Kong já estrelou. Após explorar cada centímetro da Ilha Kong, posso afirmar: esta é a obra-prima que define uma geração.

A Ilha Kong como você nunca viu: um mundo semiaberto

Esqueça as fases lineares 2.5D. Bananza nos joga em um mundo semiaberto, composto por cinco biomas gigantescos e interconectados. Pense na estrutura de reinos de Super Mario Odyssey, mas com a verticalidade e a densidade de segredos que só o universo DK pode oferecer. Você vai escalar o interior de um vulcão colossal, mergulhar em recifes de corais cheios de ruínas antigas, e balançar por uma selva tão vasta que suas copas de árvores formam um “andar” inteiro de exploração.

Review Donkey Kong Bananza

A Retro Studios aplicou sua genialidade para criar ambientes que não são apenas bonitos, mas são verdadeiros quebra-cabeças verticais. Cada plataforma, cada cipó e cada barril de canhão parece ter sido colocado com um propósito, incentivando a curiosidade e recompensando o jogador que ousa sair do caminho principal. A direção de arte é um deslumbre, evoluindo o estilo de Tropical Freeze com uma iluminação dinâmica e uma riqueza de detalhes que fazem o mundo parecer vivo e pulsante.

Um time de peso: a gangue está de volta e melhor do que nunca

A grande sacada de Donkey Kong Bananza está em seu núcleo: você controla não apenas um, mas quatro Kongs, podendo alternar entre eles em tempo real. King K. Rool retornou e roubou o Lendário Cacho de Bananas Douradas, e para recuperá-lo, a família inteira precisa entrar em ação. Cada personagem é essencial, pois possui habilidades únicas para superar obstáculos específicos:

  • Donkey Kong: O pilar do time. Sua força permite quebrar pisos rachados e empurrar blocos pesados. Seu “roll” é mais rápido e pode destruir certos inimigos e barreiras.
  • Diddy Kong: O mestre da agilidade. Seu icônico foguete permite planar por longas distâncias, e suas pistolas de amendoim são cruciais para atingir alvos distantes.
  • Dixie Kong: A rainha da verticalidade. Seu rabo de cavalo helicóptero não só permite ganhar altura extra, mas também a possibilita ser carregada por correntes de vento para alcançar áreas secretas.
  • Kiddy Kong: O tanque de guerra. Lento, mas incrivelmente forte, Kiddy pode destruir paredes que nem DK consegue arranhar e é imune a certos ataques inimigos enquanto rola.

A troca entre os personagens é feita de forma instantânea através do “Barril de Tag Team”, permitindo combos de exploração fluidos. Usar a Dixie para flutuar até uma plataforma distante e, no instante em que aterrissa, trocar para o Kiddy para quebrar uma parede de pedra é algo que se torna natural e incrivelmente satisfatório.

Review Donkey Kong Bananza

Desafio e recompensa: mais do que um passeio no parque

Fiel à reputação da Retro Studios, Bananza não é um jogo fácil. O desafio de plataforma é elevado, exigindo precisão e um bom entendimento das habilidades de cada Kong. Os chefes são espetáculos de múltiplas fases que testam tanto seus reflexos quanto sua capacidade de usar todo o time de forma estratégica.

A coleta de itens, um ponto de discórdia em DK64, foi refinada. As Bananas Douradas são as recompensas de grandes quebra-cabeças e missões, enquanto itens menores como as letras K-O-N-G e peças de quebra-cabeça destravam artes conceituais e os desafiadores “Templos de Ouro”, fases de plataforma puras que levarão suas habilidades ao limite absoluto.

Trilha sonora e performance

David Wise, o lendário compositor da trilogia original do SNES, retorna com uma de suas melhores trilhas sonoras. Cada bioma tem um tema memorável, misturando melodias novas com remixes emocionantes de clássicos como “Aquatic Ambiance” e “Fear Factory”. É pura nostalgia e genialidade musical.

No que tange à performance, joguei no “Switch 2” (nome não-oficial do sucessor do console), onde o jogo roda a 60 FPS cravados com uma clareza visual impressionante. A versão para o Nintendo Switch original também existe e faz um trabalho heroico, mas mira em 30 FPS com quedas ocasionais em momentos mais intensos. A experiência é boa em ambos, mas o novo hardware é, sem dúvida, o lar definitivo para esta aventura.

Pontos fortes e fracos

  • Pontos Fortes:
    • Design de níveis semiabertos genial, com foco na exploração vertical.
    • O sistema de “Tag Team” com quatro Kongs jogáveis é brilhante e intuitivo.
    • Nível de desafio elevado e recompensador.
    • Trilha sonora absolutamente fenomenal.
    • Visualmente deslumbrante, com uma direção de arte impecável.
    • Conteúdo vasto que pode facilmente passar das 60 horas para 100%.
  • Pontos Fracos:
    • A câmera, embora boa na maior parte do tempo, pode se tornar um inimigo em espaços muito apertados.
    • A quantidade de colecionáveis, embora bem implementada, ainda pode ser intimidadora para alguns jogadores.
    • A história é charmosa, mas extremamente simples.

Veredito: o novo rei da selva dos plataformas 3D

Donkey Kong Bananza é um triunfo. É o tipo de jogo que aparece uma vez por geração para redefinir as expectativas e nos lembrar do poder da criatividade. A Retro Studios não apenas criou o melhor jogo da história da franquia, mas também entregou um dos melhores e mais importantes jogos de plataforma 3D de todos os tempos, ombreando com gigantes como Super Mario Odyssey.

É uma aventura grandiosa, desafiadora, charmosa e, acima de tudo, incrivelmente divertida. Um item obrigatório para qualquer dono de um console da Nintendo e um forte candidato a jogo do ano. O gorilão está de volta, e ele nunca esteve tão em forma.

Nota: 9

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
Botão Voltar ao topo