Review | Dustwind: Resistance – Um Tático Pós-Apocalíptico com Potencial, Mas com Obstáculos

Lançado em 18 de junho de 2025 para PC, Xbox Series X|S e PlayStation 5, Dustwind: Resistance é a mais recente adição ao universo pós-apocalíptico da Dustwind Studios, publicado pela Z-Software. Prometendo uma experiência tática em tempo real com pausa ativa, o jogo foca exclusivamente em uma campanha single-player, trazendo melhorias em relação aos títulos anteriores da série, como Dustwind e Dustwind: The Last Resort. Inspirado em clássicos como Fallout Tactics: Brotherhood of Steel, o jogo coloca os jogadores no comando de Jake, um fazendeiro que se torna líder de uma equipe de sobreviventes, acompanhado de seu fiel cão Diesel, em uma luta desesperada contra uma horda de invasores em um mundo devastado. Com uma premissa envolvente e a promessa de mecânicas táticas refinadas, será que Dustwind: Resistance entrega uma experiência memorável ou fica preso nas areias do deserto pós-apocalíptico? Vamos mergulhar nessa análise detalhada.
Enredo: uma história de vingança e sobrevivência
Dustwind: Resistance apresenta Jake, um homem comum que vive uma vida tranquila como fazendeiro até que sua fazenda é atacada por uma horda de invasores liderada por um misterioso Warlord. A narrativa começa com um tom emocional, quando Jake acredita que sua esposa, Amanda, foi morta no ataque inicial, apenas para descobrir mais tarde que ela sobreviveu – um detalhe revelado tanto no material promocional quanto na capa do jogo, o que diminui o impacto da reviravolta. A missão de Jake é clara: liderar um pequeno grupo de guerreiros, incluindo Diesel, seu cão leal, para recuperar sua terra natal e garantir a liberdade de seu povo. A campanha, que dura cerca de 15 horas, é composta por 16 missões que variam entre combates táticos, stealth e defesa de posições.
A história, embora comece com uma premissa cativante, peca pela falta de profundidade emocional. Os personagens, incluindo Jake e Amanda, não recebem desenvolvimento suficiente para criar um apego genuíno por parte do jogador. A narrativa tenta evocar temas de vingança e redenção, mas acaba caindo em clichês do gênero pós-apocalíptico, sem oferecer momentos memoráveis ou diálogos que realmente marquem. A dublagem de Jake, no entanto, é um destaque positivo, com o ator entregando um desempenho sólido que adiciona um toque de humanidade ao protagonista. Ainda assim, quando os créditos finais rolam, a sensação é de que a jornada não foi tão impactante quanto poderia ter sido, deixando o jogador com uma narrativa que, embora funcional, não atinge o mesmo nível de envolvimento de jogos como Fallout ou Wasteland.
Mecânicas de combate
Dustwind: Resistance é um jogo de tática em tempo real com pausa ativa, permitindo que os jogadores interrompam a ação para planejar movimentos, posicionar unidades e escolher estratégias. O sistema é reminiscente de Fallout Tactics, com uma perspectiva isométrica e foco em gerenciamento de esquadrão. Você controla Jake, Diesel, Amanda e Diego, cada um com habilidades distintas: Jake é um atirador versátil e habilidoso com ferramentas; Diesel é especialista em ataques corpo a corpo e explosivos; Amanda atua como sniper e médica; e Diego é um tanque de armas pesadas. A variedade de habilidades permite diferentes abordagens, como combate direto, stealth ou uso de armadilhas e veículos.
Os jogadores têm acesso a um arsenal diversificado, que inclui arcos, granadas, lança-foguetes, facas, machados e até um improvável desentupidor de pia como arma corpo a corpo. Além disso, é possível implantar torres, barricadas e veículos blindados, que adicionam camadas estratégicas às missões. A possibilidade de pausar o jogo para emitir ordens é essencial, especialmente em missões mais desafiadoras, onde o posicionamento e a escolha de alvos podem determinar o sucesso ou o fracasso.
Pontos positivos
O jogo brilha em sua flexibilidade tática. A capacidade de alternar entre abordagens agressivas, furtivas ou defensivas é um dos maiores trunfos de Dustwind: Resistance. Por exemplo, você pode optar por infiltrar-se em uma base inimiga usando stealth, desarmando armadilhas e eliminando inimigos silenciosamente, ou entrar com tudo, usando um veículo blindado para esmagar adversários e torres para segurar ondas de inimigos. A adição de Diesel, o cão, é um toque encantador, não apenas por sua utilidade em combate (ele pode morder, carregar explosivos ou até curar aliados), mas também por adicionar um elemento emocional à equipe.
O sistema de progressão é outro destaque. Um árvore de habilidades robusta permite personalizar os personagens, adaptando-os ao seu estilo de jogo. A coleta de itens e equipamentos, como armas e armaduras, é gratificante, especialmente com mecânicas como arrombamento de portas e acesso a computadores para desbloquear recursos. O editor de mapas integrado, disponível na versão para PC, é uma adição fantástica, permitindo que os jogadores criem suas próprias campanhas e compartilhem-nas via Steam Workshop, o que pode aumentar significativamente a longevidade do jogo.
Problemas e frustrações
Apesar de suas qualidades, Dustwind: Resistance enfrenta sérios desafios. A dificuldade é um dos maiores pontos de crítica: mesmo no modo “fácil”, o jogo pode ser punitivo, com inimigos que absorvem quantidades enormes de dano (os chamados “bullet sponges”) enquanto seus personagens caem rapidamente. A curva de aprendizado é íngreme, e o tutorial é insuficiente para preparar os jogadores para os desafios das primeiras missões, que podem parecer um salto abrupto em dificuldade. Relatos de jogadores indicam frustração com missões onde ondas de inimigos parecem intermináveis, especialmente na segunda fase do jogo, onde a falta de clareza sobre os objetivos pode levar a horas de combate repetitivo.
A inteligência artificial (IA) dos inimigos também deixa a desejar. Em muitos casos, os adversários parecem genéricos e previsíveis, saindo de uma “fábrica de clones” sem variações significativas em design ou comportamento. A mecânica de stealth, embora promissora, é inconsistente, funcionando apenas em áreas específicas e falhando em outras sem explicação clara. Além disso, a interface do usuário, embora tenha sido aprimorada em relação aos jogos anteriores da série, ainda é problemática, especialmente nas versões de console. No Xbox Series X e PlayStation 5, os menus e textos são pequenos e difíceis de ler em TVs, forçando os jogadores a se aproximarem da tela – um problema agravado pela falta de opções para ajustar o tamanho da interface.
Outra questão é a estabilidade técnica. Relatos de bugs, como falhas de sincronização de saves na nuvem, travamentos frequentes e problemas com inimigos invisíveis, prejudicam a experiência. A ausência de um sistema de cobertura adequado para tiroteios também é uma crítica recorrente, com combates muitas vezes se resumindo a selecionar inimigos um a um com as armas de maior dano, sem muita profundidade tática.
Inovações e limitações
Uma mecânica interessante é a possibilidade de se ajoelhar para aumentar a precisão e reduzir a chance de ser atingido, embora isso torne o movimento mais lento. No entanto, jogadores descobriram que é possível explorar essa mecânica ao recuar constantemente enquanto atira, o que pode trivializar alguns encontros. O sistema de quick save, que permite salvar a qualquer momento, é uma faca de dois gumes: embora ajude a mitigar a dificuldade brutal, também pode incentivar um estilo de jogo repetitivo, onde o jogador salva após cada passo.
A introdução de veículos na segunda metade da campanha é uma adição bem-vinda, mas chega tarde demais. As missões iniciais, que dependem de movimentação a pé, podem parecer arrastadas devido ao tamanho excessivo dos mapas e à lentidão dos personagens. Isso, combinado com uma trilha sonora repetitiva, contribui para uma sensação de monotonia em alguns momentos.
Visual
Dustwind: Resistance utiliza o motor Unity e adota uma estética de arte quase pixelada, com perspectiva isométrica que remete aos jogos clássicos dos anos 90. A transparência dos telhados ao se aproximar de construções é um toque inteligente, facilitando a visualização dos ambientes internos. Os cenários são variados, com desertos, ruínas urbanas e bases fortificadas que capturam bem a atmosfera pós-apocalíptica. No entanto, os modelos dos inimigos são repetitivos, e a falta de diversidade visual pode tornar os combates visualmente monótonos.
Som
A trilha sonora é funcional, mas carece de variedade, com temas que se tornam repetitivos após algumas horas. Os efeitos sonoros, como tiros e explosões, são competentes, mas não se destacam. A dublagem, como mencionado, é um ponto positivo, especialmente para Jake, mas os outros personagens têm falas limitadas, o que reduz o impacto narrativo.
Comparações com o gênero
Dustwind: Resistance tenta se posicionar como um sucessor espiritual de Fallout Tactics, mas não alcança o mesmo nível de polimento ou profundidade. Comparado a jogos modernos como Wasteland 3 ou Divinity: Original Sin 2, ele parece menos refinado, tanto em termos de narrativa quanto de mecânicas. A falta de um sistema de cobertura robusto e a IA inconsistente o colocam em desvantagem em relação a títulos como XCOM 2, que oferecem maior complexidade tática. No entanto, para fãs de jogos táticos que apreciam a liberdade de experimentar diferentes abordagens e gostam de personalização, Dustwind: Resistance ainda tem seu charme.
Conclusão: vale a pena?
Dustwind: Resistance é um jogo com potencial, mas que tropeça em sua execução. A promessa de um RPG tático em um mundo pós-apocalíptico é atraente, e as mecânicas de pausa ativa, personalização de personagens e variedade tática oferecem momentos de diversão. A inclusão de Diesel e o editor de mapas são destaques que adicionam valor à experiência. No entanto, a dificuldade desbalanceada, a interface problemática nas versões de console, a IA fraca e os problemas técnicos impedem que o jogo alcance todo o seu potencial.
Para fãs hardcore de jogos táticos que não se importam com uma curva de aprendizado acentuada e estão dispostos a tolerar alguns problemas técnicos, Dustwind: Resistance pode ser uma experiência recompensadora, especialmente na versão para PC, onde o editor de mapas e a interface são mais amigáveis. No entanto, para jogadores que buscam uma experiência mais polida ou acessível, títulos como Wasteland 3 ou os clássicos Fallout podem ser opções mais satisfatórias. Com um preço de US$ 19,99 e um desconto de lançamento de 15% no Steam, o jogo é uma aposta interessante, mas não imprescindível.
Prós
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Flexibilidade tática com múltiplas abordagens (stealth, combate direto, veículos)
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Sistema de progressão e personalização de personagens robusto
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Editor de mapas integrado (PC)
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Diesel, o cão, é um destaque carismático
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Dublagem sólida do protagonista
Contras
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Dificuldade desbalanceada e tutorial insuficiente
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Interface mal adaptada para consoles
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IA dos inimigos previsível e repetitiva
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Problemas técnicos, como travamentos e bugs
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Narrativa clichê com pouco impacto emocional
Nota: 7