Análises

Review | Sonic Wings Reunion é um shooter de navinha para as crianças dos anos 90

“Sonic Wings Reunion” marca o retorno triunfal da clássica série de shoot ‘em ups verticais japonesa Sonic Wings – conhecida no Ocidente como Aero Fighters –, após 27 anos de hiato desde “Sonic Wings Assault”. Desenvolvido pela veterana Success Corporation e lançado no Ocidente pela Red Art Games, o título transporta a ação para o ano 20XX, onde a enigmática organização “Fata Morgana” lança ataques globais com superarmas e tecnologia misteriosa que sequestra arsenais militares mundiais. Em resposta, surge o esquadrão internacional “Project Blue”, um time de cavaleiros dos céus liderados por pilotos excêntricos de diversas nações, prontos para varrer os céus em uma cruzada explosiva.

O jogador escolhe entre oito personagens iniciais (com segredos desbloqueáveis), cada um pilotando aeronaves icônicas como o F-22 Raptor (Keaton, EUA), F-15J Eagle (Mao Mao, Japão) ou até um surpreendente dolphin em uma nave subaquática. Cenários e diálogos mudam conforme combinações de personagens, culminando em finais variados e personalizados. Com oito estágios principais (mais bônus), incluindo cidades reais como Tóquio, Abu Dhabi e Barcelona, o jogo mistura nostalgia arcade com toques modernos, suportando co-op local e configurações detalhadas. Classificado para maiores de 12 anos por violência cartoon, ele se posiciona como uma opção premium para fãs de shmups em 2025, competindo com ports retro e indies como “Cacus” ou “Danmaku Unlimited”. Não é uma coleção, mas um sequel fresco que resgata o charme caótico da série original de 1992, priorizando runs rápidas e high scores em um pacote compacto de cerca de 6 GB.

Em um ano saturado de remakes pixel art, “Reunion” entrega uma “reunião” genuína: explosões em 2.5D, humor absurdo e desafio old-school, ideal para sessões curtas ou maratonas competitivas via leaderboards online.

Gráficos e direção de arte

Os visuais atualizam a fórmula clássica com sprites polidos em 2.5D, efeitos de partículas vibrantes e cenários interativos que vão de metrópoles futuristas a oceanos árticos. Fundos detalhados – prédios destruíveis em Tóquio, castelos em Barcelona, planícies na Venezuela – criam imersão geográfica, com boss gigantes como o SSX (Tóquio) ou MechaMonkey (final) roubando a cena com animações fluidas e designs grotescamente criativos. A paleta explode em tons neon durante power-ups e bombs, evocando o caos arcade dos anos 90 com um verniz moderno.

Personagens brilham no absurdo: Mao Mao em trajes JAL, Kowful sueco com elmo viking, ou o dolphin Whity da ONU. No entanto, os fundos hiperdetalhados pecam em legibilidade – balas se fundem a arranha-céus, causando mortes frustrantes por colisão ambiental. Comparado aos originais SNES/Neo Geo, há evolução em escala e destruição, mas perde para shmups modernos como “Espgaluda II” em clareza visual. Ainda assim, uma direção de arte charmosa e nostálgica que cativa fãs.

Jogabilidade e mecânicas

Puro shmup vertical clássico: mova, atire (segurando para disparo contínuo), colete “P” para upgrades de arma (até três níveis), gerencie bombs e evite bullet hell. Cada dos oito pilots tem padrões únicos – lasers homing de Hien (F-2A japonês), spread shots de Glenda (A-10A) –, incentivando experimentação. Destaque para o “Wingman”: em solo, escolha um companheiro para bombs alternativos (ex: time-stop russo ou dolls explosivas), sacrificando estoque inicial mas adicionando tática. Co-op local altera diálogos e cenários, com os primeiros quatro estágios randomizados para replay.

Quatro dificuldades, training mode desbloqueável (invencibilidade, continues ilimitados para patterns), leaderboards e achievements estendem a vida. Bomba versátil limpa telas ou foca bosses, com graze sutil para scoring. Controles precisos (analógico/D-pad), mas falta features modernas como auto-fire toggle ou scoring arriscado. Runs duram 30-60 min; platinar exige maestria. Superior aos originais em variedade, mas básico ante “Radiant Silvergun” – perfeito para veteranos, intimidante para novatos.

Som e trilha sonora

Áudio é o ponto alto: três modos OST – Original (Soshi Hosoi, fiel à série), Arrange (remixes épicos de títulos passados por compositores renomados) e Mao Mao (tema idol repetitivo, nicho mas divertido). Trilha orquestral com erhu, guitarras shred e coros eleva estágios – “majestade nos céus” em bosses como Ekranoplan (bônus Caspiano). SFX crocantes: explosões, lasers, diálogos voice-acted em múltiplos idiomas (inglês, japonês, PT-BR). Diálogos cômicos adicionam personalidade. Patches iniciais estabilizaram, superando críticas iniciais de mixagem. Comparável a “Dariusburst”, um banquete sonoro que justifica replays.

Narrativa

Arcade minimalista: “Fata Morgana” como vilão genérico, mas diálogos ramificados por pilots (estereótipos engraçados: idólatras japoneses, vikings suecos) e combos criam oito finais curtos e personalizados. Wingman adiciona interações co-op em solo. Não épica como “R-Type”, mas o humor absurdo e lore leve (superarmas globais) evocam o charme dos anos 90, priorizando ação sobre história.

Desempenho técnico

Roda liso a 60 FPS constantes, carregamentos mínimos e suporte a controles. Sem crashes ou stuttering reportados pós-lançamento; otimizado para sessões intensas. Cenários randomizados evitam monotonia, mas colisões ambientais (prédios como “balas”) frustram. Leaderboards globais e cloud saves funcionam bem. Lançamento estável, sem patches drásticos necessários – um acerto técnico para shmups indie.

Conclusão crítica

“Sonic Wings Reunion” ressuscita a série com honra: variedade de pilots, OST estelar e co-op charmoso o tornam essencial para fãs de shmups old-school. Evolui os originais com randomização, wingman e training, superando ports bare-bones em personalidade. Porém, mecânicas básicas, fundos caóticos e conteúdo enxuto (sem survival ou boss rush) limitam apelo além do nicho – overpriced para casuais, mas valorizado em sales. Em 2025, brilha como “reunião” nostálgica, mas não revoluciona o gênero como “Bullet Hell Monday”.

Nota final: 7.5/10 Um shmup sólido e divertido para aficionados – gird your loins e voe alto.

Pontos positivos

  • OST variada e imersiva em três modos
  • Oito pilots únicos com bombs/wingman táticos
  • Cenários randomizados e co-op local envolvente
  • Training mode e leaderboards para replay
  • Visuais polidos com destruição interativa
  • Diálogos humorísticos e finais personalizados

Pontos negativos

  • Fundos detalhados confundem balas/colisões
  • Mecânicas básicas sem inovações modernas
  • Duração curta para o preço full
  • Dificuldade punitiva para iniciantes
  • Poucos modos além de arcade/training

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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