Análises

Review | Tomb Raider I-III Remastered para Nintendo Switch

Em um mercado dominado por remakes ambiciosos e reinvenções, Tomb Raider I-III Remastered surge como uma cápsula do tempo. Lançado em fevereiro de 2024 para Nintendo Switch, o pacote resgata a trilogia que definiu Lara Croft como ícone dos anos 90, mas não sem desafios. Desenvolvido pela Aspyr em parceria com a Crystal Dynamics, o projeto equilibra fidelidade histórica e modernizações necessárias, criando uma experiência que agrada saudosistas e testa a paciência de novatos.

Revitalização visual: entre o passado e o presente

A principal estrela do remaster é, sem dúvida, o upgrade gráfico. Os jogos ganharam texturas em HD, iluminação dinâmica e modelos 3D refinados, especialmente no design de Lara, que mantém sua silhueta icônica enquanto exibe detalhes faciais e de roupas impressionantes. A magia, porém, está no botão “+”, que alterna instantaneamente entre os visuais remasterizado e clássico — um recurso que não só celebra a evolução técnica, mas também ajuda em puzzles onde a escuridão dos cenários modernos atrapalha a progressão.

Tomb Raider I-III Remastered

O modo foto é outro acerto, permitindo capturar momentos épicos com poses variadas e cenários repaginados. Contudo, cutscenes mantiveram a renderização original, apenas com filtros para reduzir o “granulado” — uma escolha que pode desapontar quem esperava uma reinterpretação completa.

Jogabilidade

A Aspyr ofereceu duas opções: controles tank (clássicos) e um esquema moderno inspirado em títulos como Tomb Raider: Legend. Enquanto o modo clássico preserva a autenticidade — e a rigidez — dos movimentos originais, o moderno promete fluidez, mas esbarra em problemas. A câmera, especialmente em ambientes apertados, torna-se caótica, e os pulos, essenciais para a progressão, sofrem com atrasos e imprecisão.

Tomb Raider I-III Remastered

O combate também mostra suas limitações: a mira fixa e a falta de movimentos laterais deixam as batalhas desajeitadas, exigindo paciência para dominar a mecânica. Para completar, a ausência de salvamento automático força o jogador a depender de saves manuais, um resquício dos anos 90 que pode frustrar em momentos críticos.

Conteúdo e expansões

A coleção inclui os três jogos principais e suas expansões originais (The Unfinished Business, The Gold Mask e The Lost Artifact), totalizando mais de 30 horas de exploração. A tradução em português é elogiável, embora o áudio permaneça em inglês, e a trilha sonora, com seus temas orquestrais, mantém a atmosfera imersiva.

Para os fãs hardcore, códigos de cheat originais ainda funcionam, e a inclusão de uma barra de vida para chefes facilita a estratégia — um ajuste discreto, mas significativo.

Desempenho no Nintendo Switch

No Switch, o jogo roda a 60 FPS estáveis, tanto no modo portátil (720p) quanto docked (1080p), sem quedas perceptíveis. A experiência portátil é um trunfo, permitindo reviver clássicos como Tomb Raider II em viagens ou pausas rápidas.

Pontos de atenção: nostalgia vs. frustração

O maior desafio do remaster é equilibrar a fidelidade ao original com as expectativas modernas. Enquanto a exploração de tumbas labirínticas e puzzles complexos mantêm seu charme, a jogabilidade arcaica e a curva de aprendizado íngreme podem afastar jogadores acostumados à fluidez de títulos como Uncharted.

Conclusão

Tomb Raider I-III Remastered é uma carta de amor aos fãs, mas com letras às vezes difíceis de decifrar. A Aspyr acertou ao preservar a essência da trilogia, entregando gráficos revitalizados e conteúdo extra, mas falhou em polir mecânicas que já nasceram controversas. Para os saudosistas, é uma chance de reviver a infância com cores novas; para os curiosos, um mergulho arqueológico na história dos games — desde que estejam dispostos a enfrentar seus demônios técnicos.

Nota Final: 8

Uma cópia de Nintendo Switch foi cedida para a realização desta análise.

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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