Review | Tony Hawk’s Project 8 de 2006

Uma relíquia ambiciosa ou um esqueleto no armário do skate?

Em 2006, a indústria de games estava em um ponto de ebulição. O Xbox 360 já mostrava o poder da “nova geração”, enquanto o PlayStation 2, um guerreiro incansável, se recusava a abandonar o campo de batalha. Foi nesse cruzamento de eras que a Neversoft, então a realeza indiscutível dos jogos de skate, lançou Tony Hawk’s Project 8. A promessa era monumental: um motor gráfico revolucionário, um mundo aberto contínuo e a mecânica que mudaria tudo, o “Nail the Trick”.

Dezenove anos se passaram. O gênero de skate viu ascensão, queda e um renascimento glorioso. Com a poeira totalmente assentada, volto a este clássico com uma pergunta fundamental: a ousadia de Project 8 o transformou em um marco atemporal ou em uma curiosidade datada? Com o controle em mãos e uma dose saudável de nostalgia, mergulhei de volta neste mundo para descobrir a verdade por trás do projeto.

Tony Hawk's Project 8 Xbox 360 Trailer - Trailer

O Conceito: De Anônimo a Lenda do Skate no Quintal de Casa

Abandonando as narrativas mais extravagantes de Underground e American Wasteland, Project 8 retornou a uma premissa mais focada: Tony Hawk chega à sua cidade e cria uma competição para encontrar os oito melhores skatistas locais. Você começa no ranking de número 200 e sua missão é escalar até o top 8, completando desafios espalhados por um mapa de mundo aberto.

Para a época, a ideia de um mundo coeso – onde se podia andar de skate de um bairro suburbano a um centro urbano, passando por um parque de diversões, sem uma única tela de carregamento (pelo menos nas versões de Xbox 360 e PS3) – era de cair o queixo. Hoje, em 2025, a cidade pode parecer um tanto estéril e carente da vida pulsante que esperamos dos mundos abertos modernos. Contudo, o level design focado no skate continua sendo uma aula. Cada corrimão, cada rampa e cada gap foi meticulosamente posicionado, criando linhas de manobra que ainda hoje são um deleite de se descobrir e executar.

No Controle da Aventura: A Genialidade e a Agonia do “Nail the Trick”

Vamos ser diretos: o coração e a alma de Project 8 residem na mecânica “Nail the Trick”. Ao pressionar os dois analógicos, a câmera focava em close-up nos pés do seu skatista, a ação entrava em câmera lenta e os analógicos se transformavam em suas pernas. O esquerdo controlava o pé esquerdo; o direito, o pé direito. Movê-los criava flips e shuvits com um nível de controle e criatividade nunca antes visto na série.

Análise Audiovisual: Um Salto Geracional que Sente o Peso do Tempo

Visualmente, Project 8 no Xbox 360 e PS3 foi um verdadeiro salto. A captura de movimento dos skatistas profissionais trouxe uma fluidez notável, e o sistema de iluminação deu ao mundo um ar vibrante e ensolarado. Visto com olhos de hoje, as limitações são claras: os modelos de personagens são poligonais, as texturas carecem de detalhes e os ambientes, embora grandes, são pouco interativos. No entanto, a performance se mantém surpreendentemente sólida, com uma taxa de quadros estável que é vital para a precisão das manobras.

A trilha sonora, como de costume na franquia, é uma cápsula do tempo impecável. Com uma seleção matadora que inclui Kasabian (“Club Foot”), The Dead Milkmen (“Punk Rock Girl”) e Wolfmother (“Woman”), a playlist ainda é capaz de injetar pura adrenalina na sua sessão de skate. É um testamento de como uma boa curadoria musical pode tornar uma experiência de jogo inesquecível.

Review Tony Hawk's Project 8

Pontos Fortes e Fracos Sob a Lente de 2025

Veredito: Para Quem é Tony Hawk’s Project 8 Hoje?

Revisitar Tony Hawk’s Project 8 é como escavar um artefato de uma era de transição. Sua ambição de levar a série a um novo patamar técnico e mecânico é palpável em cada manobra. Não possui o charme narrativo de Underground nem a pureza arcade do remake de Pro Skater 1 + 2, mas se destaca como um experimento corajoso e influente.

Este jogo é indicado para:

Tony Hawk’s Project 8 pode não ser o melhor jogo da série, mas é, sem dúvida, um dos mais importantes. Ele representa o ápice da ambição da Neversoft, um esforço para redefinir sua própria criação, e só por isso, merece ser lembrado e, por que não, jogado.

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