Análises

Análise | Elden Ring é o estado da arte do soulslike

Seja o maculado que reivindicará o Anel Prístino

Em 2009 os jogadores do PlayStation 3 enfrentaram o maior desafio do console com a chegada de Demon’s Souls. O sucesso foi tão grande que a From Software decidiu continuar o projeto introduzindo a saga multiplataforma Dark Souls. Assim nasceu o gênero soulslike, que ficou ainda mais popular com os aclamados Bloodborne e Sekiro.

Elden Ring foi anunciado pela primeira vez em 2019 e levou os fãs a loucura por ter a colaboração de G.R.R. Martin no projeto. Desde então a comunidade aguardou ansiosamente pelo lançamento do jogo. Pois bem, a hora de jogar finalmente chegou e neste review eu conto para você, leitor, as minhas impressões do mais novo título de Hidetaka Miyazaki e do criador de Game of Thrones.

Premissa

Assim como nos demais jogos da From Software, você inicia a campanha com poucas informações sobre a história. Você é um Maculado, isto é, um guerreiro cujo objetivo é derrotar os atuais portadores dos fragmentos do Anel Prístino (Elden Ring) e, assim que tiver todos os pedaços em mãos, restaurar a ordem e se tornar o novo Lorde. Mais trechos da história são revelados a medida em você encontra NPCs e abre diálogos com os mesmos.

O começo da jornada

A primeira coisa que me chamou a atenção em Elden Ring foi a quantidade de classes que existem para começar o jogo. São 10 builds distintas: Astrólogo, Bandido, Confessor, Herói, Prisioneiro, Profeta (a que eu escolhi), Samurai, Vagabundo, Guerreiro e Miserável. Cada um dos bonecos começa com uma distribuição diferente dos pontos de habilidade e level. Ou seja, você escolhe um personagem focado em magia, força, destreza, equilibrado, etc.

Diferentemente de outros RPGs a classe que você escolhe no começo do game não é determinante, isto é, é possível mudar o estilo de jogo com a futura distribuição de pontos que você fizer no boneco ou até mesmo resetar seus pontos e começar uma nova classe, caso tenha os itens necessários para isso.

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Jogadores veteranos não precisam desse conselho, mas se você nunca jogou Dark Souls ou Bloodborne, por exemplo, eu sugiro iniciar com classes mais agressivas, como Samurai, Guerreiro e Astrólogo, pois elas vão te ajudar a encarar os desafios iniciais com mais tranquilidade.

Depois de alguns eventos iniciais, ganhar acesso ao cavalo e também ao sino de evocação de espíritos, você está pronto para começar a exploração do imenso mapa de Elden Ring, que é repleto de segredos e itens preciosos.

Exploração

O destaque de Elden Ring em relação aos outros jogos da From Software é o design open world. Os títulos anteriores da empresa têm mapas semiabertos, isso quer dizer que você é livre para explorar, mas está preso a persistente linearidade e também a uma obrigação de completar o objetivo X antes de alcançar Y.

Aqui as coisas são diferentes. Obviamente existe uma linha de progresso necessária para chegar ao final do jogo, mas ela é apenas um grão de areia dentro deste universo. Eu passei cerca de 11 horas cavalgando e farmando em Limgrave, Caelid e Liurnia antes de enfrentar Margit, Godrick e Rennala, os três primeiros chefes necessários para ter acesso ao Elevador de Dectus, e sair da região (acredite, isso vai te dar dor de cabeça).

O trunfo do mundo aberto de Elden Ring é justamente isso, não é simplesmente um cenário gigante. Existem coisas para serem feitas, loot para encontrar, chefes e subchefes poderosos e NPCs com sidequests. Outro ponto interessante é que não existe uma lógica clara sobre a força desses chefes, ou seja, em Caelid existem inimigos secundários mais fortes do que os bosses principais, por exemplo. Em outras palavras, só depois de avançar bastante no game e ter acesso a equipamentos melhores e farmado muitas runas (necessárias para subir de level) que você conseguirá enfrentar certas criaturas do mapa.

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Falando loot é bom esclarecer que ele não é adquirido como em outros RPGs. Inimigos comuns raramente dropam alguma coisa, o que eles deixam constantemente pelo caminho são as runas, equivalente as almas em Dark Souls. O jeito padrão de conseguir loot é explorando e derrotando inimigos fortes, isso significa que alguns itens são únicos e/ou extremamente raros, então, para adquirir uma certa magia ou espada você tem que obrigatoriamente acessar determinado ponto do mapa ou enfrentar certos inimigos que dropam aquele item específico. Isso também se aplica a NPCs e mercadores. Algumas coisas só são recebidas/consumidas através deles.

Gameplay

A jogabilidade herda elementos de Dark Souls, porém com melhorias. Os personagens agora se movem mais rapidamente e tem uma resposta mais ágil na hora de atacar ou se esquivar. Duas grandes adições fazem a diferença total no combate: o pulo e o agachamento. O pulo além de servir para alcançar lugares mais altos é importante para burlar ataques rasteiros ou vindos de regiões mais baixas. Já o agachamento é essencial para passar despercebido por eventuais hordas de inimigos poderosos e também para ataca-los por trás de maneira stealth.

Seu boneco pode carregar armadura, acessórios e até três opõçes de armas em cada braço, além de flechas, encantos e magias. Mas é claro que isso tem um peso (sim, peso!), digo isso, pois as peças principais do corpo e também as armas tem um KG específico, e você precisa equilibrar a carga analisando o quanto seu personagem suporta carregar. Isso faz parte da construção de build, que é muito importante para vencer o jogo.

Também é possível lutar a cavalo e usar espíritos summonados. Batalhas a cavalo são permitidas em todo o mundo aberto e contra alguns chefes específicos – exceto quando você é invadido ou está jogando modo cooperativo – e, normalmente, deixam as coisas mais fáceis, pois você se move muito mais rápido do que os chefões e adversários gigantes e pesados. Os summons, por outro lado, são mais limitados, já que só podem ser evocados quando o símbolo deles aparece no lado esquerdo da tela. No começo essas decisões da From Software me pareceram estranhas, mas depois de algumas horas jogando eu consegui perceber que elas foram tomadas para preservar o nível de dificuldade do jogo.

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Já que toquei no assunto, é importante ressaltar que Elden Ring é um jogo difícil, assim como os demais soulskile. Mesmo assim ele consegue ser o mais acessível e amigável que a From Software já fez. Você com certeza quer saber a razão disso, certo? A resposta é simples: o mundo aberto proporciona isso. Se uma área está difícil, migre para outra, continue jogando, avançando e descobrindo coisas novas até estar forte o suficiente para voltar àquela região que antes parecia impossível.

Cooperação e multiplayer

O DNA dos soulslike também é composto por jogatina online, tanto cooperativa como competitiva. Desta vez a From Software facilitou a conexão entre jogadores através da adição de pontos de cooperação, isto é, estátuas que facilitam a conexão entre jogadores, permitindo que você socorra uma pessoa que está em outra área do mapa. De fato Elden Ring tem o melhor sistema de conexão de rede que a FS já fez.

Performance no Xbox Series S

No Xbox Series S é possível escolher entre dois modos, um que prioriza taxa de quadros e outro que prioriza os gráficos, mas trava o game a 30 frames. Depois de testar os dois modos decidi jogar priorizando a taxa de quadros. A diferença gráfica entre as duas modalidades é visível, mas a perda de detalhes não é prejudicial ao gameplay. Ele ainda está mais bonito do que no Xbox One e PS4, por exemplo.

elden ring vale a pena?

Não me deparei com engasgos ou problemas de loading. A única coisa que observei é a presença massiva de pop-ups ao longo do mapa, ou seja, você vê as camadas de textura surgindo a medida em que você se aproxima de um objeto. Não que isso seja anormal nos games, mas muitas vezes isso passa despercebido.

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Veredito

Elden Ring leva o souslike para o próximo nível, pois a From Software reinventou o gênero que ela mesma trouxe ao mercado em 2009 com Demon’s Souls. Eles conseguiram portar a experiência de mundo semiaberto para um mapa open world sem precisar “surfar na onda” infinitas sidequests ou objetivos secundários que não te levam a lugar algum.

É um jogo sólido, legítimo e que preserva todos os elementos que fizeram seus antecessores espirituais um sucesso. Todas a inovações e mecânicas serviram para aprimorar a experiência, mas sem alterar o coração do gameplay. Ao mesmo tempo que veteranos se sentirão em casa os novatos não terão a sensação de jogar algo datado. Tudo foi feito na medida certa.

Elden Ring é o estado da arte do soulslike, uma aventura que será referência para uma nova geração de jogos e, com certeza, nós vamos passar muitos, mas muitos anos falando sobre esse jogo.

Nota: 9,5

Esta Bandai Namco forneceu uma cópia de Xbox Series X|S para a realização desta análise.

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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