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Análise | Outriders tem campanha sólida e gameplay desafiador

Fazer uma análise de Outriders não estava nos meus planos. Eu nunca fui fã de Tropas Estelares, nem da mitologia de Sci-Fi Shooters inspiradas na obra de Robert Heinlein. Talvez seja por isso que títulos como Halo, Titanfall ou Destiny não estão na lista de meus jogos favoritos. Mas mesmo assim, quando eu soube que a People Can Fly seria responsável por Outriders eu deixei tudo isso de lado e voltei minha atenção para este jogo de tiro espacial.

A People Can Fly foi uma das desenvolvedoras de Gears of War: Judgment, título que me convenceu a jogar todos os outros da franquia e que até hoje é um dos meus games prediletos do X360. Justamente por curtir o trabalhado deles eu estava ansioso para ver a proposta desta nova franquia, que está disponível para PC, PS4, PS5, Stadia, XOne e Series X|S.

Contexto

A Terra já não é um lugar habitável, sendo assim, uma equipe selecionada é enviada numa missão espacial cujo objetivo é colonizar o planeta Enoch e torná-lo um novo lar para os últimos humanos existentes. Ao aterrissar no novo planeta toda a população é surpreendida por uma tempestade com características totalmente desconhecidas pela nossa ciência.

Essa tempestade, batizada de Anomalia, afeta gravemente os seres humanos, levando alguns a morte e outros a sofrerem mutações e a adquirir certos poderes. Este e outros problemas colaboraram para que tudo desse errado. E agora, 30 anos mais tarde, Enoch é uma anarquia, dividida em facções que lutam pela sobrevivência.

Você assume o papel de um Outrider que foi congelado há 30 anos, logo após a primeira tempestade. Uma vez desperto o oeu papel é ajudar sua facção e permanecer viva no meio desta zona de guerra.

Começando a aventura

Logo após a introdução genérica que, felizmente, leva menos de uma hora para ser concluída, você se vê num campo de batalha sem nenhum recurso e sendo atacado. Após sobreviver a primeira onda chega a hora de escolher a sua classe de Outrider.

A classe irá definir o estilo de jogabilidade do seu personagem. Todos os futuros pontos e habilidades adquiridas serão alinhadas ao caminho que você escolher. Vale lembrar que não é possível – até o momento – trocar de classe após a decisão.

O caminho do Trapaceiro e do Devastador são indicados para àqueles que curtem combate direto e próximo dos inimigos. O Piromante age a médio alcance e usa o fogo para controlar o ambiente ao seu redor enquanto atrasa e ataca os adversários. Já o Tecnomante – caminho que eu escolhi – é destinado ao longo alcance e também faz o papel de suporte.

O Tecnomante foi minha classe favorita, pois suas habilidades envolvem manipulação de objetos e armas de longo alcance, o que garante uma zona segura e tempo para ganhar ainda mais distância e finalizar os ataques com fuzis e rifles.

Arquitetura do looter shooter

O mundo do Outriders é divido em áreas, ou seja, diferentemente de The Division, por exemplo, o mapa não pode ser explorado de ponta a ponta. Cada região é interligada por pontos de controle que são acessados através de viagens.

O avanço por essas áreas segue a fórmula clássica de enfrentar waves de inimigos até limpar o local e poder prosseguir. Inimigos caídos deixam itens que podem ser looteados e, além disso, baús espalhados pelo cenário também podem ser fonte para novas armas e armaduras.

Dias de luta, dias de glória

A campanha de Outriders é separada em Graus. Isto é, níveis de mundo que determinam a dificuldade dos inimigos. As coisas começam a ficar complicadas a partir do Grau 6. Nesse momento o jogo entende que você já ganhou uma certa experiência e passa a exigir bastante do jogador. Mesmo jogando em co-op os confrontos continuam densos. Logo você percebe que morrer é inevitável. Felizmente o loot adquirido não é perdido ao carregar novamente uma área em que você morreu.

Embora seja possível alterar o nível de mundo para deixar o jogo mais fácil eu não indico que ninguém faça isso. O motivo? Bom, se você retorna para o nível 4, por exemplo, consequentemente receberá menos XP e evoluirá menos. O ideal é tentar novamente e upar de acordo com as definições indicadas pelo jogo.

Desempenho na nova geração

O jogo foi testado no Xbox Series S. O game roda 60FPS sem quedas notáveis de performance, mesmo em momentos de muita ação e explosões frenéticas. A experiência é fluida como deve ser.

Graficamente falando ele é muito bonito, mas alguns detalhes mostram que existe uma distância entre o Series S e o Series X. Primeiramente, nas animações, ocorre screen tearing com certa frequência. Outro ponto que chama a atenção é o draw distante, que significa a capacidade de manter a riqueza de detalhes na paisagem. No S é possível notar uma perda gráfica naquilo que está distante de você. Na prática isso não interfere na jogatina, mas é bom que os players mais exigentes estejam cientes disso.

Veredito

Outriders oferece uma experiência sólida no seu lançamento. Quatro classes, vários níveis de dificuldade, acessibilidade nas configurações, boa performance e muito loot. O modo single player é tão divertido quanto o cooperativo. Então, quem busca uma nova campanha de shooter espacial com cerca de 25 a 30 horas de duração, pode embarcar “de cabeça” nessa jornada.

O que deixa a desejar é que, no momento, um game tão promissor se posicione como um jogo de campanha apenas. Será necessário adição de mais conteúdos e modos para reter a comunidade  continuar mantendo o game relevante no segmento em que ele está competindo.

Nota: 8.5

Uma cópia foi cedida pela Square Enix para a realização desta análise.

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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