Os anos 2000 foram marcados pelo ápice dos filmes de artes marciais. Graças aos novos recursos tecnológicos no mercado cinematográfico os filmes de luta estavam mais incríveis do que nunca. Foi neste período que O Tigre e o Dragão, Ong-Bak e Old Boy estrelaram nas telonas, arrebatando milhões de fãs pelo mundo inteiro.
Este legado se estendeu aos videogames, o que nos presenteou com franquias consagradas, como Yakuza, Aragami e Sleeping Dogs. Sifu tem esta mesma alma. Desenvolvido pelo estúdio independente Sloclap, também responsável por Absolver (2017), o game é um tributo diferenciado ao mundo da luta.
A premissa do jogo
Em Sifu você assume o papel do filho ou filha (depende da sua escolha) de um mestre de artes marciais que fora assassinado por um de seus discípulos. Anos depois de presenciar esta atrocidade o nosso protagonista decide ir atrás dos responsáveis pela destruição de sua família.
Assim como nas histórias clássicas do gênero, o nosso protagonista é um lobo solitário, que irá enfrentar diversos lacaios do crime sem a ajuda de ninguém. A história de Sifu é dividida em 5 capítulos, e em cada uma das fases você precisa derrotar uma gama de inimigos até chegar no chefe do level.
Mas não pense que Sifu é um game pequeno. Embora ele tenha 5 capítulos você levará entre 7 e 10 horas para finalizar a história. Isso acontece por causa da dificuldade do jogo.
A mecânica de Sifu
No primeiro capítulo o seu personagem começa com 20 anos. Cada vez que você morre ele envelhece um ano e caso você perca muitas vidas em seguida este tempo é aumentado. Em outras palavras, se após a primeira morte você ganhou um ano de vida, na segunda ganhará mais dois anos. Então, quando você retornar pela segunda vez terá 23 anos.
A sua “ressureição” é simbolizada por um medalhão dividido em aros, que gradativamente vão se quebrando. A casa dos 70 anos é sua última chance. Quando o último aro é partido o jogo chega ao seu game over definitivo.
Para sair deste loop e conseguir finalizar o game você deve terminar os níveis com uma idade menos avançada, pois seu checkpoint principal é o começo de cada nível. Por exemplo, se você iniciou o capítulo 4 com 65 anos e está com dificuldades de prosseguir, você deverá retornar ao capítulo 3, onde começou o level mais jovem, para tentar morrer menos e iniciar o próximo capítulo com menos idade.
Lute para viver mais um dia
Como eu disse anteriormente, Sifu é um game difícil, e para não morrer, você deve mestrar os comandos do jogo. Como um bom título de artes marciais as lutas são resolvidas com chutes, socos e eventuais armas brancas, que estão espalhadas pelo cenário.
Confesso que este processo não é fácil. A curva de aprendizagem de Sifu é longa, pois o game não tolera falhas, não aceita erros. É necessário bloquear, esquivar e atacar na hora certa. Se não fizer isso você vai morrer, envelhecer e não conseguirá chegar ao final do jogo.
Existem dois tipos de upgrades dentro do game, os bônus, que é desbloqueados encontrando potes verdes ao longo do jogo, e as habilidades, que são desbloqueadas com pontos de XP e desbloqueadas permanentemente quando se paga novamente pela habilidade. Estes recursos ajudam no gameplay e permitem montar uma espécie de build.
É justamente esta mecânica que torna a experiência tão única e satisfatória. O processo de se superar, de tentar ser melhor a cada recomeço, de ousar movimentos novos em busca da estratégia ideal, a gratificação pessoal ao superar um chefão tendo morrido poucas vezes.
Desempenho no PS4
Eu joguei Sifu no PlayStation 4 base. No console veterano da Sony ele roda a 1080p e 60FPS. Já no PS4 Pro ele alcança 2160p de resolução. O design de Sifu é simples, porém caprichado e rico em detalhes. Devido a esta escolha artística o game conseguiu ir muito bem no PS4 mantendo estabilidade na taxa de quadros, não devendo absolutamente nada para a nova geração de consoles.
Os loadings também não são demorados e o jogo leva cerca de 30 segundos para abrir no console e, depois disso, flui muito bem entre os capítulos e demais mudanças de tela que podem ocorrer.
Um ponto interessante é o aproveitamento do recurso sonoro do controle do PS4, algo que não vemos com tanta frequência. Os principais sons do jogo são emitidos no controle, o que aumenta a imersão e torna a experiência diferenciada para aqueles que estão aproveitando o jogo num DualShock.
Veredito
Sifu é um dos melhores jogos indie dos últimos 5 anos. É um Beat’em up autêntico que reinventa uma fórmula consagrada buscando inspiração na cultura pop e em gêneros mais atuais dos games.
O estúdio Sloclap nos faz lembrar que para um jogo ser bom ele não precisa necessariamente ser de mundo aberto com diversas sidequests e mapas gigantescos. Sifu é o contrário disso: um título com poucos capítulos, mas que oferece consistência e riqueza dentro do seu pequeno universo. É como dizem, os melhores perfumes estão nos pequenos frascos.
Nota: 9,5
Uma cópia para PS4 foi cedida pela publicadora para realização desta análise.
Esta foi a nosso review de Sifu PS4. Para mais reviews continue ligado no site.