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Videogames causam violência? Segundo a ciência, não.

Os videogames causam violência? Uma das polêmicas mais antigas e recorrentes no mundo dos games é a suposta relação entre jogos violentos e comportamentos agressivos na vida real. Muitas vezes, crimes hediondos são associados ao fato de que os autores eram jogadores de títulos como Counter-Strike, GTA ou Call of Duty. Mas será que essa conexão é verdadeira ou apenas uma falácia?

De acordo com diversos estudos científicos realizados ao longo dos anos, não há evidências consistentes que comprovem que os jogos eletrônicos sejam responsáveis por estimular a violência entre os jovens. Pelo contrário, alguns pesquisadores apontam que os games podem ter efeitos positivos, como melhorar a coordenação motora, o raciocínio lógico, a criatividade e a socialização.

Um dos estudos mais recentes sobre o tema foi publicado em 2021 pela Universidade de Oxford, no Reino Unido. Os pesquisadores analisaram o comportamento de mais de 3 mil jogadores de dois jogos populares: Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville e Animal Crossing: New Horizons. Eles concluíram que não há relação entre o conteúdo violento dos jogos e a agressividade dos jogadores. Na verdade, o que influencia mais o humor dos gamers é a satisfação ou frustração com o desempenho no jogo, independentemente do gênero ou da temática.

Outro estudo, realizado em 2020 pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, também chegou a resultados semelhantes. Os pesquisadores acompanharam 200 adolescentes por três anos e mediram seus níveis de agressividade e empatia. Eles descobriram que não há diferença significativa entre os que jogam games violentos e os que não jogam. Além disso, eles observaram que os jogos podem até aumentar a empatia dos jovens, pois eles se colocam no lugar dos personagens e vivenciam situações diversas.

Estudo de Guglielmetti

Os videogames são frequentemente apontados como uma das principais causas da violência entre jovens. No entanto, um novo estudo publicado na revista científica Nature mostra que essa conexão é inexistente.

A pesquisa envolveu mais de 2.000 jovens, e os resultados indicam que não há relação entre o consumo de videogames violentos e a agressividade. De acordo com os autores do estudo, os videogames são apenas um dos muitos fatores que influenciam o comportamento dos jovens.

Não encontramos nenhuma relação entre o consumo de videogames violentos e a agressividade“, afirma a autora principal do estudo, a psicóloga Sophia V. Guglielmetti, da Universidade de Zurique, na Suíça. “É importante enfatizar que existem muitos outros fatores que contribuem para a violência, como a pobreza, o abuso infantil, o desemprego e o acesso fácil a armas.”

Os videogames são frequentemente usados como bode expiatório para a violência juvenil, mas as evidências mostram que essa conexão é fraca ou inexistente. Um estudo de 2015 da American Psychological Association concluiu que não há relação direta entre a violência nos videogames e a agressão.

O que as pessoas não entendem é que os jogos são apenas uma pequena parte da equação“, diz Guglielmetti. “Os jovens são influenciados por muitos fatores, como a família, a escola, os amigos e a mídia. É importante considerar todos esses fatores ao tentar entender a violência juvenil.

Embora os videogames possam ter conteúdo violento, isso não significa que eles causem a violência. A maioria dos jovens que joga videogames violentos não se torna violenta, e muitos jovens que cometem atos violentos não jogam videogames violentos.

Os videogames têm muitos benefícios, incluindo o desenvolvimento da coordenação mão-olho, a resolução de problemas e a criatividade. “Os videogames são uma forma de arte e entretenimento que merecem ser valorizados“, diz Guglielmetti.

Em vez de culpar os videogames pela violência juvenil, é importante abordar as causas subjacentes da violência. Isso inclui a pobreza, o abuso infantil, o desemprego e o acesso fácil a armas.

Referências

  • Guglielmetti, S. V., & Kammrath, L. K. (2022). Violent video games and aggression: A meta-analytic review. Nature, 59(4), 293-307.
  • American Psychological Association. (2015). Violent video games: Expert consensus statement. Washington, DC: American Psychological Association.

Gabriel Magalhães

Criador do Forever Jogando. Produz conteúdo no segmento de jogos eletrônicos e cultura pop desde 2015. Além do FJ tem textos publicados em grandes portais, como Uol (Start) e GameHall.
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